Não sei se você já passou por isso, já pensou nisso.
Mas algumas vezes, quando chega a noite e eu olho pela janela eu tenho aquela sensação de que o tempo está passando e eu, simplesmente, não consigo segurá-lo, não consigo fazê-lo parar.
Parece que por um instante ele está muito apressado, e eu simplesmente não posso mais voltar atrás, não posso parar e pensar sobre o que fazer com ele. O dia passou, a vida passou.
Por um instante, eu sinto que posso ter o controle de muitas coisas nessa vida. Principalmente das coisas que me pertencem, dos meus objetos, dos meus sentimentos, do meu caráter, mas não tenho, de maneira alguma, o controle do tempo. Ele parece simplesmente não me respeitar, passa com pose e cheio de si.
É engraçado, esse orgulho dos dias.
Sem parar, sem nos dar uma segunda chance, sem nos permitir voltarmos e ser quem gostaríamos de ser.
Geralmente, é fácil finalizar um texto apresentando uma solução prática. Mas nesse não haverá essa oportunidade. Aliás, o tempo que você vive agora não é o mesmo do começo do texto, e você simplesmente não pode voltar atrás.
P.s: Para completar essa sensação encontrei uma poesia de Olavo Bilac a respeito desse assunto. Aproveite o encanto das rimas tão rebuscadas do poeta parnasianista brasileiro:
O Tempo - Olavo Bilac
Sou o tempo que passa, que passa
Sem princípio, sem fim, sem medida
Vou levando a Ventura e a Desgraça,
Vou levando as vaidades da Vida
A correr, de segundo em segundo
Vou formando os minutos que correm...
Formo as horas que passam no mundo,
Formo os anos que nascem e morrem.
Ninguém pode evitar os meus danos...
Vou correndo sereno e constante:
Desse modo, de cem em cem anos,
Formo um século e passo adiante.
Trabalhai, porque a vida é pequena
E não há para o tempo demora!
Não gasteis os minutos sem pena!
Não façais pouco caso das horas!