Não adianta, não tenho inspiração.
Começo a escrever, e logo tudo some.
Vira fumaça, nuvem.
Então eu começo de novo.
Recomeço.
Recomeço.
Mas não dá. Porque algumas vezes não existem recomeços.
Existe novidade. Existem decisões diferentes, sobre caminhos diferentes.
Quem me conhece, sabe que não desisto.
Quando quero, faço, vou atrás.
Mas minha alma é movida por desejo.
Alimentada por vontade.
Quando acaba a vontade, ela morre de fome.
E esquece.
Eu poderia dizer que quero continuar.
Mas isso não é verdade.
Não há expectativa. Não há alimento.
Quando olho pra dentro de mim, minha alma parece esmagada.
Dolorida. Machucada.
Mas não mais sozinha. Isso eu já percebi.
Sigo caminhando, talvez ninguém me veja.
Talvez ninguém pare para conversar comigo, sobre o tempo que seja.
Talvez no meio do caminho, eu vá sozinha.
Carregando minha mochila, com todo meu passado, com todos os meus sonhos, com todos os meus planos. E o meu violão.
Talvez eu descarregue a mochila, se pesar.
Mas a verdade, é que o caminho não me importa muito.
O ir importa. E é ele quem faz o caminho.
Se você olhar pra mim, com esses olhos orgulhosos
E disser que não.
Eu retribuirei o olhar, com dor.
Mas não insistirei. Talvez eu diga jamais, apesar de não gostar dessa palavra.
Agora, se o seu orgulho, for derrubado como aquelas muralhas...
E você olhar pra mim, com os olhos de amor.
E disser que sim.
Eu prometo que não haverá mais nada além de confiança.
E eu insistirei até o fim. E direi para sempre.
E amarei para sempre.
Pois bem, enquanto continuo caminhando na incerteza.
Não me preocupo com o alvo, pois sei que vou alcançá-lo.
E o alvo não é você.
O alvo é Ele.
Só te peço por favor, não me deixe cansar.
Se quiser caminhar comigo, iremos juntos, de mãos dadas.
Dividiremos nossos sonhos, nosso peso.
Você carregará um pouco dos meus, e eu um pouco dos seus.
E assim, não ficará pesado pra ninguém.
Só te peço, por favor.
Não faça de conta que não há. Não ignore.
A gente não ignora as pessoas que estão caminhando e param para conversar conosco.
A gente não se desfaz delas. Não deixa pra lá quem se importa com a gente.
Pode ser que digamos não. Mas sem ignorar.
Já decidi, e isso não importa.
Talvez eu tenha que caminhar sozinha por um tempo.
Logo existirá alguém que caminhe comigo.
Que diga sim.
Que tenha as mesmas ambições.
Mas me retire da angústia. Antes que o cansaço me domine.
Eu não quero te abandonar outra vez, depois de tanto caminhar.
Eu só quero descansar. Sentar de repente, no meio da estrada, tirar o violão da capa, e tocar.
Tocar um novo som, uma nova música.
Ouvir o que quer dizer meu coração.
Não irei desistir. Nem estou falando que quero.
Mas no final das contas, não é que a gente desiste, é que a gente, às vezes, cansa.
Não é que a gente cansa de caminhar, a gente cansa mesmo é de esperar.
Aí a gente muda de rumo, de direção...
Sem trocar o alvo.
Trocando, talvez, de sonhos. De acordes, de melodia.
Clareando o caminho. Sonorizando os passos. No compasso do toque da mão no violão.
No jeito correto de apertar os dedos nas cordas.
Reencontrando emoções e dando novo sentido à vida.
Ao caminhar. Ao dedilhar.
A nós mesmos.