Caminho

Ele deveria ter aprendido. Não se pode aconselhar quem não demonstra querer conselhos. Ele não enxergava, bastava pedir ajuda, bastava pedir apoio. Mas por dentro, preferia ficar calado. Viver sozinho com seus problemas. Não entendia que é muito melhor quando ouvimos outra pessoa dizendo que tudo ficará bem. Não entendia que só se faz amigos, se abrindo. Ela havia aprendido que algumas pessoas parecem fortes, mas são fracas. Não parecem, mas são belas. Não demonstram, mas estão tristes.

Quando você se entristecer, saiba pedir. Quando perder o chão, saiba se apoiar. Não se encontra a saída sozinho quando se está perdido. Pessoas fortes são as que sabem pedir ajuda, são as que admitem suas fraquezas.

Passamos tanto tempo ansiosos, buscando direções, buscando soluções. Nosso cérebro trabalha dia e noite para que tomemos as escolhas certas. Passamos tanto da vida tentando entender o caminho certo, queremos que no fim os aplausos sejam apenas nossos, o reconhecimento seja só nosso, e não percebemos o quanto somos solitários, mesmo que aplaudidos, o quanto somos vazios.

A vida ganha mais sentido quando aprendemos a nos apoiar, quando não nos envergonhamos de dizer que estamos com medo, que estamos perdidos, que precisamos de ajuda. É tão melhor quando alguém nos abraça, quando alguém nos entende, e quando alguém acaba nos trazendo cura.

Talvez devêssemos perceber que tudo que há em nós se completa com outro. Por isso somos tão imperfeitos, para que possamos nos curar com pessoas melhores que nós em certas áreas. Por isso precisamos do outro. Ninguém vive sozinho.

Ele perceberia isso, mais cedo ou mais tarde. No pôr do sol, sozinho, lembraria de que por todos os caminhos que trilhou, a caminhada foi bem mais bonita quando dependia de alguém. É bonito depender da alegria dos outros, é bonito depender da ajuda dos outros e também é bonito quando os outros dependem de nós.

No fim das contas, somos um cordão, que nada pode arrebentar.