12/20/2010

Máquina




Existem certas coisas que não passam. Permanecem. Num instante nossa mente vive aquilo, no outro instante ela recorda. É como se o tempo não parasse nunca (e, realmente, não pára), mas é como se a sua velocidade flutuasse, virasse pó em nossas mãos.
Talvez exista um mundo para aqueles que se vão, sem se despedirem. Para aqueles que devemos aprender a desapegar sem reclamar. Desprender.
Às vezes só me sinto como se estivesse num trem, e todos que passam por mim estão do lado de fora, e quando o trem diminui a velocidade eu faço amigos, e apesar de passar mais lento o tempo, ele ainda é rápido. E de repente, eu estou novamente sozinha, correndo num trem com um destino certo. Algumas pessoas desaparecem muito rápido, outras permanecem. Nos encontramos em outras estações, em outras épocas, em outros lugares.

De alguma forma, tenho que admitir, dá medo.

Num instante estou aqui, no outro já estou lá. E a vida vai passando, e a face corada de criança dá lugar a um rosto maquiado. E o rosto maquiado dá lugar a um rosto enrugado. De repente, tudo passou. O trem já se foi. Já chegou.

Tem horas que sinto saudades daqueles amigos que fiz.

Às vezes tenho saudades daqueles sentimentos que tive.

Daquelas risadas que dei.

Daqueles sonhos que sonhei.

Esses trilhos que melhor seriam denominados se chamados de vida.

Essa vida, mudando o curso dos desejos, mudando o destino do trem. É a vida que de muitas maneiras resolve dar o sustento para tudo que queremos, tudo que sonhamos. É a vida que nos sustenta, que nos dá a chance de acenarmos para quem está de fora, para quem tem seu próprio trilho. É ela que nos balança de um lado para o outro, que nos faz permanecer ali, num único destino.

Aproveite a viagem!

(Post em homenagem ao Deivid (Jack), sentirei saudades!)