É como se por dentro fosse alguém que nem mesmo ela conhecesse.
É como se tudo o que passou fosse simplesmente passado. Não fizesse sentido.
É como se mesmo que fechasse os olhos e ficasse em silêncio, pensando, não chegaria a lugar algum.
Não dava pra fugir do que era. Não descobria o que era.
Talvez se sua alma tivesse mais aberta, menos sozinha, desembaraçada, amparada ou descomplicada, uma barreira cairia e enfim, os olhos poderiam contemplá-la.
Mas os muros não deixavam.
Não gostava de fazer coisas boas pelo que os outros achavam. Gostava porque aquilo alimentava sua alma vazia. Não gostava de respeitar porque era obrigação, gostava porque a sua alma ia se enchendo. E por um momento, os muros pareciam estar se despedaçando.
Quem sabe um dia seria completa. Balançaria no balanço da vida como uma criança e sentiria o vento batendo na alma, e sentiria a leveza. Seria sorridente. Se encheria o bastante para perceber que existem muitas coisas boas, mas no fim de tudo a simplicidade era a melhor delas.